sábado, 28 de fevereiro de 2009

Um cardápio do outro mundo

Gosto de novidades quando se trata de comida. Pode parecer o que for que eu estou lá comprando pra ver qual é a do novo sabor. O difícil é repetir. Depois de provar, o mais comum é achar uma porcaria ou o gosto passar despercebido.

Posso listar algumas edições limitadas de produtos que nunca mais vi vendendo por aí: a Cherry Coke, que era puro açúcar; Toddy Floresta Negra, que amargava a garganta e era enjoativo demais; Fanta maçã, que parecia água de pano de chão; Fanta Citrus, ou Redoxon 2LT; suco de água de coco em pó, inexplicável; Skol limão, a pior cerveja que eu já tomei; Miojo Seven Boys sabor missô (horrível) e curry (bom demais, até perfumava a casa); Bis laranja, que me faz lembrar porque mal existe sorvete, biscoito ou iogurte de laranja; Biscoito recheado de presunto, que parava na primeira, de tão salgada e enjoativa...

A minha última "aquisição" foi um chá verde chamado Feel Good, com laranja e gengibre que comprei em Resende. Não fico contente com o convencional, peço uma coisa dessas e é só careta pra engolir o castigo em forma líquida. Tem mais é que se ferrar!

Aproveitando um gancho no assunto, essas novidades estão longe da capacidade humana de inventar o que parece impossível comer. Lendo a Mundo Estranho desse mês e pesquisando outras fontes, encontrei algumas comidas pra lá de exóticas. Não é grilo frito, bagos de boi, olho de cabra, isso é passado, fácil de fazer, falta originalidade. Essas iguarias listadas abaixo precisaram de muito mais do que "algo que se mexe" + "uma panela no fogo", tem todo um ritual:

Balut

Vem das Filipinas, é um ovo de pato incubado por 16~17 dias, e o que se vê dentro do ovo é isso aí na foto: olhos, veias, penas... cozinhe, coloque uma pitada de sal, vinagre e molho de soja a gosto e boa sorte. Para quem nunca está contente com nada, tem a outra fase do Balut: se der errado, e o ovo fertilizado morrer durante o processo, ele apodrece, e nada de jogar fora. Pegue o ovo mal fertilizado, podre, coloque bastante vinagre para esconder o fedor e está pronta uma boa omelete, a "Abnoy". Os Baluts costumam ser desgustados com cerveja, olha que maravilha!



Ovo centenário, Ovo de mil anos ou
Ovo preservado


Esse é mais famoso, uma versão bem mais light de se fazer um ovo: argila, cinzas, sal, cal e casca de arroz para ajudar o ovo a ficar alcalino. Enterre tudo por várias semanas ou meses e o resultado é o da foto, com direito a cheiro de amônia e enxofre.




Casu Marzu

É um queijo da ilha de Sardenha, Itália, feito de leite de ovelha, e que após algumas semanas fica sólido. À partir daí vem a forma peculiar de sua fabricação: é feita uma incisão na parte superior, coloca-se um pouco de leite e a mosca do queijo chega para fazer o "serviço sujo". Ela deposita seus ovos e as larvas começam a se alimentar do queijo, o deixando cremoso. E nada de esperar as larvas terminarem o serviço: assim que elas chegam no fundo do queijo, você pode começar a degustá-lo.


Natto

É feito da soja, preferencialmente dos grãos menores. Ela é lavada e embebida em água de 12 a 20 horas, aumentando o tamanho dos grãos. Em seguida, a soja é cozida no vapor por 6 horas, depois os grãos são misturados com a bactéria Bacillus subtilis natto e fermentado a 40 ° C por até 24 horas. Depois de tanta papagaiada, ele é colocado na geladeira por até uma semana para criar fibras, que segundo uma usuária do youtube, parece catarro. O resultado é uma pasta pegajosa que lembra teia de aranha, "fedendo" amônia.

Ortolan

Se você viu o passarinho na xícara e ficou com água na boca, pode ir mudando de idéia: a venda do Ortolan é proibida por lei. O preparo consiste em deixar o pássaro em um local escuro pelo tempo necessário, até engordar 3 vezes o seu tamanho. A escuridão confunde o relógio biológico do animal, que acaba comendo sem parar. Depois é mergulhado vivo em um aguardente e assado. Nada de deixar sobrar no prato, come-se tudo, da cabeça aos pés.

E pra beber?

Tem o Bird's Nest White Fungus, uma bebida vietnamita que mistura ninho de passarinho com fungos brancos. Detalhe: o ninho é feito da saliva do animal. Mais original talvez seja o café Kopi Luwak, feito de grãos defecados pelo Civeta, o animalzinho da foto. Ele escolhe os frutos mais doces e maduros, ingere, suas bactérias e enzimas fazem o trabalho interno e o simpático cagão solta o melhor e mais caro café do mundo! Por 120 dólares você leva 450gr do café. Se não quiser pagar nada, e ainda assim tomar algo exótico, pode optar pela Chicha, bebida alcóolica presente em diversos países da América Latina, inclusive no Brasil. Na amazônia é usada a mandioca, fermentada com a ajuda da boca das nativas. Elas mastigam a raiz da mandioca, faz um bolo e cospe aquilo na bacia, para depois fermentar. Não paga nada, é comum os nativos oferecer aos visitantes. Ainda pode ser feito com grãos (milho, arroz) ou com folhas, como é o caso da Colômbia, que não podia deixar de lado o uso da cannabis ou da folha de coca em seu preparo.

Que belo cardápio, hein? Na onda das comidas exóticas, eu pedi uma amostra de caviar de rã. Só não sei se vou ter coragem de comer. E se vai vir mesmo.

Neste link você pode fazer o seu pedido.